quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A cidade que há de existir!



Uma fórmula não muito simples indica: traços de desconfiança + olhar sobre o outro X leituras de caminhos = a cidade e sua memória. Isso fica encorpado nos seus morimbundos pelas ruas e nos cortes que a cidade tem como marca do tempo. Essa é uma das possíveis fruições que se pode ter enquanto visitas as exposições Azul de Noturno Mar de Ricardo Alcaide e Morte Cerebral de uma Cidade sem Lembrança de Hisrosuke Kitamura, abertas ontem (05/08), às 18h, na Galeria Solar do Ferrão no Pelourinho.


Traços e Corpos compõem as duas exposições que se completam justamente nas marcas que o tempo deixa na cidade. Na visão de Ricardo, traços de pessoas e seus olhares. Na visão de Hirosuke, cicratrizes, fachadas quebradas e sofrimento que se percebe na nostalgia de uma cidade com perda de memória. Mas essa sensação de lágrimas e dor ao ver o espaço urbano, segundo Hirosuke, não tem nada de negativo, ao contrário, ele a percebe romântica e até poética.

Hirosuke é japonês, mas mora há 16 anos em Salvador e percebe que das cidades onde ele já passou fotografando (Índia, Tailândia, entre outras), todas elas tem as mesmas marcas de passagens do tempo. "Essas fotos compõem um outro modo de olhar a cidade. Do lugar de quem vê que há uma construção sobre essa modernização. Ver nas ferrugens que o tempo deixou uma história por aqui", conta.


Texto: Niltim Lopes. Fotos: Roberto de Souza

Serviço:
As exposições ficam abertas à visitação de 7 de agosto a 7 de setembro. Segunda a sexta - 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados – 13h às 17h. Galeria Solar Ferrão, Rua Gregório de Mattos, 45, Pelourinho.

Um comentário:

Marcelo Reis disse...

Nilton,
muito bom seu texto.
São palavras que realmente saltam de dentro das fotografias e pulam por cima da cidade objetivando o ver as fendas deixadas pelo tempo e registradas pelas imagens de Ricardo e Hirosuke.
Abs,
Marcelo Reis